Vôlei de Base

 No Interior de São Paulo:
                              
                          Foto: Andréia Luciane 

É sempre importante salientar sobre a máxima função do trabalho dos profissionais dedicados à formar atletas e colocá-los para jogar  em grandes clubes brasileiros e nas seleções femininas e masculinas de base para que os mesmos possam desenvolver seu voleibol ,participar de campeonatos importantes e representarem o Brasil em competições internacionais.

Fui conhecer a profissional Luciana Clair Moreira que tem um currículo extenso na área do vôlei de base e busca com determinação sucesso em seu trabalho e na realização de todas as atletas que ela treina.

Atleta de vôlei de 1990 a 2013.

Atleta de vôlei indoor pelas cidades de Taubaté e Pidamonhangaba.

Atleta de vôlei de praia entre os anos 1995 a 2003.

Graduada em educação física no ano de 2003 pela Universidade de Taubaté e especialização em voleibol da iniciação ao alto  rendimento pela UNIFMU em São Paulo no ano de 2005.
Estagiária em voleibol pela prefeitura de Pidamonhangaba em 2002.
Estagiária no Taubaté Country Clube de 2001 a 2003.

Técnica de voleibol pela prefeitura de Taubaté de 2004 a 2015.
Técnica de voleibol do Taubaté Country Clube de 2004 até o presente momento.

Coordenadora de esportes no clube Associação dos empregados do comércio de Taubaté de 2008 a 2014.
Coordenadora de esporte do Taubaté Country Clube de 2010 até o presente momento.

Pelas mãos dela já foram reveladas:

Lorrayna Marys , começou aos dez anos,hoje atleta do Pinheiros /SP ,eleita a jogadora mais valiosa da seleção brasileira do campeonato sulamericano sub 19.

                                Foto :  site oficial CBV 

Mariana de Camargo ,começou aos nove anos no vôlei,hoje atleta do SESI/SP ,uma das grandes promessas do esporte paulista.
E ,vamos conhecer um pouco mais desta profissional altamente qualificada.

                               Foto: Adriana Oliveira Correia 

Luciana, o começo na profissão de técnica de qualquer esporte, não é fácil pra ninguém, sabemos todas as dificuldades, mas com certeza sempre há uma motivação maior para lutarmos por nossos ideais, quais foram suas maiores adversidades e como você as venceu? O que te trouxe até aqui?

Oi Patrícia, é um prazer estar batendo esse papo com você, obrigada em nome de todos que trabalham com o voleibol de base!
No início realmente tudo é mais difícil, para nós aqui de Taubaté não foi diferente.

Comecei a trabalhar logo no início da minha graduação, no 2o ano da faculdade à convite da Liga Taubateana de Voleibol e Prefeitura municipal, os dois órgãos que me acolheram e me apoiaram. Aprendi muito com os profissionais que já trabalhavam no voleibol da cidade e na minha transição de atleta para técnica, a minha ex-técnica, Dona Maria Helena Andrade, de Pindamonhangaba foi meu  maior exemplo.

A maior dificuldade foi a estruturação do projeto, qualidade do material, local de treino, e trazer a criançada para as quadras.
O projeto se iniciou com a ideia de irmos às escolas e convidar os interessados, então comecei com 1 quadra, o clube da Associação de Taubaté, e já no segundo estávamos com 4 quadras (Associação, Ametra, Belém e Mourisco).

O que me levou a batalhar pelo projeto foi o bem que eu podia proporcionar com minhas aulas de voleibol.
Entendi que era mais que ensinar uma prática desportiva, “era formar pessoas”…

Você foi atleta também , como foi trazer sua experiência de atleta ,juntar com a faculdade de educação física para ser uma profissional que produz muitas atletas?

Essa transição da quadra foi bem interessante. 
No começo foi complicado, pois a visão de atleta é ampla nos quesitos do jogo, das manhas e tudo dentro das 4 linhas, mas à se tratar de tática e técnica dos treinamentos, à bolar treinos eficazes, entendi que apenas a experiência como jogadora não seria suficiente, daí eu  comecei à entender o que realmente é ser um profissional de voleibol, e estudar foi o caminho.

Sem dúvidas, a soma da experiência de atleta aos estudos, me capacita à ensinar o atleta como um todo.

 Eu muitas vezes entendo o nervosismo dentro de uma partida, aquele frio na barriga, o peso do erro dentro do voleibol, e nesses momentos, utilizo das situações vividas dentro da quadra somadas ao que aprendi nas literaturas dos estudos para auxiliar minhas atletas da melhor maneira.


O quanto você ter sido atleta influenciou na sua decisão de ser técnica?
Influenciou na questão que vi no voleibol uma chance de ser alguém, entendi logo cedo, com 14 anos que não seria uma jogadora profissional, mas que o voleibol poderia me ajudar à conseguir estudar através de uma bolsa de estudos.

Minha família sempre foi  humilde, perdi meu Pai aos quatorze  anos, e nesse período, tive que fazer a escolha, treinar em uma equipe de primeira e tentar ser profissional do vôlei, ou trabalhar para ajudar minha mãe em casa.

Eu escolhi ficar aqui em Taubaté, passei no concurso do Banco do Brasil aos quatorze anos e comecei a trabalhar. 
Consegui conciliar os estudos, o treino e o trabalho. 
Daí vi que o vôlei poderia me ajudar à estudar. 
A dona Maria Helena de Pindamonhangaba foi um anjo em minha vida. conseguiu um colégio para que eu pudesse estudar, continuei jogando em alto nível, trabalhando e estudando. 
Depois veio a faculdade, e assim vi que como aconteceu comigo, muitas crianças poderiam ter essa chance. 
E é isso que tento fazer, formar atletas, mas sempre lembrando a  importância dos estudos, onde se não conseguir ser um atleta profissional, será alguém na vida.

O que você falaria às suas atletas se elas resolvessem seguir um dia seu caminho?

Eu falaria  que as apoio. Sempre que uma atleta chega em mim e diz que quer estudar, eu fico tão feliz quanto quando uma delas vem e me fala que vai continuar à jogar. Eu tenho o maior orgulho em vê las sendo alguém, nas quadras, trabalhando nas quadras, ou fora delas.

Organizar um projeto exige além do conhecimento técnico que adquirimos na faculdade de educação física, muita dedicação, foco, empenho e  pessoas colaborando para que tudo aconteça com sucesso o quanto vale o “espírito de liderança” para colher os  doces frutos deste trabalho?

Realmente, o sucesso de um projeto, da formação de um atleta, condiz da soma de um grande trabalho em equipe. O foco, a dedicação, os estudos, são primordiais, mas contar com pessoas ao seu redor que entendam a filosofia e que vista a sua camisa é o ideal.

Ser líder muitas vezes requer passar por momentos difíceis, você passa do céu ao inferno em várias situações, mas como eu disse, tendo na retaguarda pessoas que confiam em você, te apoiam e te ajudam, mesmo que no menor detalhe, essa será a diferença.

Tudo começa muito cedo, aos nove anos em média, incentivar as crianças a praticarem um esporte já é uma enorme missão, como você tomou esta responsabilidade pra você?

As crianças mais novas são a minha maior paixão.

Você está certa na questão de iniciar bem cedo, uma vez que nós profissionais de esporte concorremos com muitos outros atrativos, nosso maior desafio  e fisgar os pequenos.
 Eu busco sempre ensinar com muita disciplina e responsabilidade desde cedo, mais nunca deixando de lado o princípio de ensinar voleibol jogando voleibol, ou seja, desde a primeira aula ela irá jogar voleibol brincando. Muitas atividades lúdicas, sempre cobrando posturas, mais tentando cativá-los.
 Esse é o maior desafio nas categorias de base, fazê-los se apaixonar pelo esporte.

O vôlei é um esporte coletivo e a participação de todos , faz o sucesso da equipe, tanto nos treinos quanto nos jogos, como você  faz para que seus atletas desenvolvam o espírito de colaboração na rotina cotidiana?

Eu explico que um depende do outro, não admito ninguém menosprezar o colega, se você sabe mais, joga melhor, tem a responsabilidade de ajudar o amigo.

É muito bacana, pois tenho atleta do pré mirim (treze anos) que auxiliam nas escolinhas, corrigindo os menores, incentivando nas brincadeiras. 
Esse espírito cativado desde pequeno é que faz a diferença lá na frente.

Incentivo e Patrocínio, o país passando por uma crise imensurável financeira, como convencer os empresários a patrocinar uma equipe de voleibol em uma situação crítica assim?

Realmente é muito complicado, eu busco sempre convencê los do bem social que é patrocinar um projeto de base. 
Como é eficaz o vínculo de suas marcas junto das crianças, criança é alegria, é energia, é vida, e patrocinando o projeto, sua marca terá essa identidade, a buscar pelo melhor para esse público.

Vôlei de Base:  a falta de divulgação pela grande mídia que tem o foco no esporte de elite , o que você falaria ou faria para que imprensa divulgasse mais trabalhos brilhantes assim como o seu?

Eu falaria que para termos uma grande equipe na elite do voleibol, temos que ter bons trabalhos de base.
O grande trabalho de base precisa de investimentos, dessa forma a mídia nos auxiliaria e muito no retrospecto do marketing, teríamos como vender nosso peixe na busca de parceiros.

Revelar talentos: a realização é imensurável  ,quando você vê suas atletas realizando grandes conquistas, qual a primeira coisa que vem em seu pensamento?

Eu me lembro bem, quando vi uma dessas minhas meninas em sua primeira aula, eu virei pra ela e disse: “Você tem tudo para ser atleta, vai depender de você ...” Hoje, quando à vejo em uma equipe na elite do voleibol paulista, eu penso, que eu não estava errada, que ela se permitiu a acreditar no trabalho sério, que ela se doou ao meu ideal e isso à ajudou à crescer, e que finalizando, eu consegui auxiliá-la a alcançar um pedacinho desse mundo imenso que é o voleibol em alto rendimento, me sinto muito agradecida e feliz.

O que você acredita que o esporte mais precisa para revelar um número cada vez maior de grandes atletas, além do  incentivo financeiro ?

Precisamos que os profissionais busquem cada vez mais o estudo e entendam que podemos auxiliar nos uns aos outros, penso que nós que trabalhamos com base não podemos ter o sentimento de ganância aos atletas, não fazemos atletas para nós mesmos, formamos para o mundo.

Seleção brasileira: sua atleta Lorrayna Marys   convocada pra seleção que disputou o sul americano sub 19 em 2016, com certeza foi uma grande premiação em sua carreira, o que você espera realizar em termos de seleção?
Já tem mais atletas suas a caminho de novas convocações?

Ah, a Lorrayna é um orgulho, uma menina simples, esforçada e que se doou ao máximo ao projeto. Eu sonho em vê la na seleção principal e espero que as novas gerações do voleibol brasileiro seja cada vez mais competitiva.

Na questão de novos talentos, eu aposto na Mariana de Camargo também, está iniciando na equipe mirim do SESI/SP mas com uma força e técnica que não condiz com a categoria, eu tenho certeza que ela assim como a Lorrayna ainda trarão muito orgulho, não só pra mim, mais à todos do nosso voleibol.

A sua frase final que seja muito importante em seu trabalho?
Entre o esporte e a educação,  fique com a soma, pois somente andando juntos teremos o resultado ideal!

Seus agradecimentos:
Agradecimento à minha mãe que sempre me apoiou,  minha mulher Paula, minha ex técnica dona Maria Helena Andrade de Pindamonhangaba e à todos os atletas que já  passaram pelo projeto. 

Comentários:
As adversidades acontecem para o crescimento da alma.
A técnica Luciana,diante das grandes adversidades da vida,lutou,venceu e leva às suas atletas a sua dedicação,seu foco e seu espírito de luta para que todas possam vencer,assim como ela venceu.
A entrevista dela marcou em um ponto fundamental, saber a hora de encaminhar suas atletas a outros profissionais de equipes maiores para que ela possam crescer no esporte.
 "  O egoísmo é o caminho para a mediocridade" 
Querer ver suas atletas no topo independente do clube em que estiverem,vê-las vencer.
Formar talentos e depois “assistir de camarote” suas inúmeras conquistas.
Parabéns ao seu profissionalismo,talento e dedicação.
A Coluna Quatro Linhas deseja muito sucesso em sua carreira profissional.
Que no vôlei de base apareçam outras profissionais que saibam que a dedicação de um trabalho é apenas o primeiro passo para chegar à elite do esporte.


                                          Foto: Andréia Luciane 
                                   
                                      Foto: Andréia Luciane  Vice campeonato sindi Club paulista 2016
















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